sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os dois mundos

Tonto, confuso, sem chão e sem referência. Dois mundos paralelos se interpõem, e em ambos ela está comigo, e eu com ela, mas ao mesmo tempo, são dois mundos completamente diferentes. O primeiro surgiu como em um passe de mágica, mas o segundo foi gestado pelo primeiro. O primeiro é ideal, o segundo é real. Mas o primeiro possui a sua dose de realidade, e o segundo também possui a sua dose de idealismo. Os dois se movem e se partem com a mesma intensidade, seja pelas palavras do primeiro, seja pelos gestos do segundo. O primeiro foi o princípio e já foi fundamentado, mas o segundo é recém-nascido, não conhece a si próprio, ainda é inseguro, frágil e depende do pai.

Às vezes, a impressão é que não há nada no segundo que havia no primeiro, a não ser a imagem do centro dos dois mundos e o único elo capaz de envolver mundos tão distintos.

O primeiro mundo não pode subsistir sozinho, pois sem o segundo ele é incompleto e o fim com o qual ele foi fundamentado deixaria de existir. O primeiro mundo em si mesmo é morto, mas ele se vivifica a cada dia para que a existência do segundo mundo tenha sentido. O primeiro mundo não se foi e nunca irá embora se o segundo mundo o acompanhar, pois ambos precisam um do outro para que suas finalidades se cumpram com êxito. O primeiro mundo é o velho mundo, mas não menos importante que o segundo, pois sem o primeiro não haveria o segundo, e o primeiro é o fundamento do segundo, o primeiro está intrínseco no segundo. O primeiro mundo é a única e exclusiva razão do segundo.

O segundo mundo, aquele tão esperado, aquele tão sonhado e desejado, nasceu do primeiro mundo. O segundo mundo é o novo mundo, no qual habitamos e no qual vivemos hoje, envoltos pelo primeiro. O segundo mundo se vale do primeiro para justificar sua razão de ser. Mas o primeiro já é idoso e sábio, o segundo é muito novo e inseguro. O segundo, por ser inseguro e sensível demais, às vezes pensa que o primeiro já não estará mais nele, mas o busca a todo instante com cuidado para não destruir a si mesmo.

Os dois mundos são puros, mas são diferentes. O primeiro é certeza, o segundo duvida de si mesmo. O primeiro pensa, o segundo age, mas pensa na ação com pesar. O primeiro encontra-se em paz, o segundo teme a incerteza do seu fim em cada esquina. A vinda do segundo parece ter apagado completamente aquilo que o primeiro tinha projetado. O segundo agora, já não parece mais ser fundamentado, pois ele é integralmente novo. Todas as correntes que fluiam pelo primeiro não fluem pelo segundo, e vice-versa. Tudo é estranho, tudo é novo, tudo está desacostumado.

O segundo mundo precisa crescer, pois sua juventude não entende o primeiro mundo. O segundo mundo só existe por causa do primeiro, e portanto, necessita que o primeiro se manifeste no segundo para que sua realização seja completa. O segundo mundo clama pelo primeiro, e o primeiro pelo segundo. Tudo ocorre em torno dos dois mundos, e não há uma situação sequer que exclua os dois mundos simultaneamente. Enquanto o primeiro mundo é a base do segundo, este é a realização concreta e absoluta daquele.
Dessa forma, ambos os mundos precisam coexistir de forma similar, temporal e espacialmente. Para que isso ocorra, ambos os mundos precisam se unir para se tornarem um só. Com isso, tudo terá o seu sentido e a sua razão de ser.

O primeiro já está posto, pronto. O segundo precisa incorporar o primeiro.

2 comentários:

Sarah Figueiredo disse...

agora eu entendi =) HAHA

Pedro Paes disse...

Espero que tenha gostado tbm : )