quarta-feira, 17 de março de 2010

Pelo menos

Bem, cá estou eu, pensando a respeito da volta às minhas aulas que ocorrerá na próxima semana. (Jura que você ainda vai voltar às aulas? Que vida boa você tem hein?). Realmente, parabéns para mim. E é incrivel como parece que, em todo início de ano letivo, as mesmas afirmações e suposições se formam na minha mente sem o mínimo de base. Tais afirmações e suposições se referem à tipíca ideia de que, assim que o ano letivo começar, eu vou estudar até que eu domine completamente toda a matéria que é lecionada a ponto de gabaritar todas as provas e, assim, melhorar o meu CR. E não me venha com essa cara de "Ah, seu ingênuo!" porque eu sei que você também pensa a mesma coisa.

Engraçado também não é só isso, mas o fato de pensarmos sempre que tudo vai melhorar, que nesse ano você vai virar um super-herói e fazer as coisas de forma mais perfeita possível. Vamos sempre aprender milhares de línguas, tocar infinitos instrumentos, fazer bilhões de atividades físicas, até que a primeira semana de aula começa e todo ano a mesma coisa repetidamente acontece. Você acorda morto de cansado porque estuda de manhã, chega em casa e, ou dorme, ou fica no computador, ou vai fazer qualquer outra coisa que dê vontade, mas que no fundo não acrescenta muito na sua vida. E assim cada dia vai passando e cada um será tão semelhante quanto o que passou.

O estranho é que os anos são tão iguais, que até o próprio pensamento de que o ano vai mudar é igual. Os anos não mudam, mas os pensamentos também não, fiéis à idéia de que o ano vai ser diferente. Vamos supor que esse ano não mude, seja igual a todos os outros, e a sua idéia de que o ano ia mudar fique frustrada no final dele.
Então, vamos combinar uma coisa, meus leitores. Se talvez nós pensássemos que o ano vai ser igual a todos os outros, já começaríamos tendo um ano diferente, porque se nada esperarmos desse ano, qualquer coisa boa que aconteça nesse ano te surpreenderá, e ele será realmente um ano diferente. Tente se concentrar em fazer apenas aquilo que tornaria o ano realmente diferente. Pare de pensar no que fazer, e simplesmente faça. Se pelo menos isso você fizer, pelo menos o início do seu ano já será diferente.

terça-feira, 2 de março de 2010

Os firmamentos

Eu estava no carro com a minha mãe um dia desses quando, na rádio, começou a tocar 'Paciência' do Lenine. Para quem não a conhece, aconselho a ouvirem, é muito boa. E enquanto eu a ouvia, comecei a refletir a respeito da vida e do tempo. O tempo é, ao meu ver, muito mais complexo e amplo do que um simples desfecho entre passado, presente e futuro. Enquanto tudo o que passou é considerado passado e tudo o que está por vir é considerado futuro, existiram inúmeros momentos em que o passado era o futuro e existirão momentos em que o futuro se tornará passado. Na verdade, todo momento é passado, presente e futuro, dependendo da referência temporal. Isso significa que nós, como seres humanos, como seres que estão limitados em sua própria dimensão temporal, estamos presos em nossa própria referência temporal e nos achamos no direito de ditar aquilo que é passado, presente e futuro, enquanto que o tempo, o qual não precisa necessariamente de referência para ser definido, sempre foi um só.
O passado, presente e futuro estão juntos, em todo lugar, como se fossem um só.

Isso me fez pensar que é engraçado que apesar de muitas coisas já terem acontecido na minha vida, parece que mesmo se eu não tivesse feito muitas delas, a minha vida seria exatamente a mesma, tanto que eu nem me lembro da maioria das coisas que fiz. A grande maioria delas não tiveram a mínima importância para mim. Então porque aconteceram essas coisas? O estranho é que, na época em que eu as vivi, elas eram importantes, mas agora não são mais. Será que vivo outra vida e que o que apenas trouxe cmg da "outra vida" foram apenas recordações? E nada além disso?

Sei que muitos poderão discordar, mas a minha conclusão foi a seguinte: Cada momento que se vive é a duração de uma vida. Ela 'nasce' e 'morre' a cada momento, enquanto o 'nascimento' de outro momento da origem a outra 'vida'. Essa corrente de momentos preescreve no tempo o que nós chamamos de Vida. A vida em si nasce e morre o tempo todo, a cada momento, sendo que cada momento pode durar o tempo que for, mas sempre terá um início e um fim. Você agora vive uma 'vida' que é diferente da 'vida' que vivia, mas cada 'vida' é sustentada por firmamentos que definem o rumo de cada momento. Esses firmamentos podem mudar ao mudar também o momento, mas somente um firmamento muda a cada mudança de momentos. E a isso cabe a importância de uma mudança: ela pode trazer consigo não só a mudança do presente momento mas também de um dos firmamentos que a sustentam. Sabendo que são os firmamentos que desenham o caminho pelo qual se percorre a vida, podemos ir mais além ao pensar que, como as mudanças são os árbitros dos firmamentos que permanecem, na verdade, são elas que determinam o curso da vida.

O que nos restou até o presente momento de tudo o que já aconteceu em nossas vidas não foram apenas recordações, mas também os firmamentos que sustentam o presente momento. Apesar de não lembrarmos mais dos momentos e mudanças passadas, elas nos deixaram um legado, o qual são os firmamentos da nossa vida presente. Portanto, a cada momento seja referente a sua devida importância, já que todas corroboraram para selecionar os firmamentos que sustentam a sua vida.

Por fim, vale ressaltar que a morte de cada momento tem poder para destruir tanto a mudança quanto o próprio momento, mas não pode destruir o firmamento que foi selecionado pela mudança e que agora é firmamento de outro momento. Todos os momentos desencadeam na Morte, a qual possui poder sobre todos os firmamentos humanos.

A beleza do Evangelho de Cristo Jesus consiste na criação de um firmamento que nem mesmo a Morte é capaz de destruir. Este firmamento é o sangue de Jesus Cristo, o qual é o mais poderoso e o mais belo dentre todos. Somente ele é capaz de vencer a Morte e nos guiar até um próximo momento. Entretanto, sendo este o firmamento mais belo e mais poderoso, ele nos levará a um próximo momento, o qual é perpétuo, o qual não será transposto por nenhum outro e no qual estaremos firmados para sempre. Este outro momento também é chamado de Vida Eterna.